quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Santa Bárbara é homenageada com grande festa em Cachoeira e São Félix

POR ALICE VELAME

Realizada há mais de trezentos anos e considerada, desde 2008, patrimônio imaterial da Bahia, a festa de Santa Bárbara reúne centenas de pessoas todos os anos. No dia quatro de dezembro, dedicado à Santa, os fieis aproveitam para agradecer as graças alcançadas e fazer pedidos. Em terreiros e igrejas de São Félix e Cachoeira, no Recôncavo Baiano, esse dia é comemorado com muita festa, quando as pessoas se vestem de vermelho para saudar a personagem que, no sincretismo religioso, representa Iansã, orixá dos raios e tempestades.

Em São Félix, os devotos de Santa Bárbara vão em busca da água, que muitos acreditam ser milagrosa. Essa água encontra-se numa gruta, na Ladeira do Milagre, onde a igreja de Santa Bárbara foi construída. É um momento de grande emoção para todas as pessoas que acreditam nos milagres concebidos pela Santa.

A Santa casa de Misericórdia, em Cachoeira, também promove festejos em louvor à Santa. A programação tem inicio às seis horas da manhã com queima de fogos de artifício. Às 18 horas, acontece a missa, na capela São João de Deus. Após a missa, centenas de devotos seguem numa procissão carregando a imagem da santa.

A comemoração continua, depois da procissão, com distribuição de caruru; depois é acesa uma grande fogueira em frente à capela para celebrar esse grande dia. A Santa católica é também padroeira dos bombeiros, e venerada pelos militares.

MÁRTIR

Jovem, bela e inteligente, filha de pais pagãos, Bárbara nasceu na Nicomédia, na Ásia Menor, em fins do século III. Seu pai, um nobre chamado Dióscoro, muito ciumento, prendeu-a numa torre a fim de resguardá-la dos pretendentes que a queriam em casamento. Havia duas janelas nessa torre, mas em honra à Santíssima Trindade, Bárbara pediu que construíssem uma terceira janela.

Um dia, Bárbara resolveu batizar-se, o que viria atrair a ira de seu pai. Ela foi denunciada pelo prefeito da cidade e executada por seu próprio pai, que a degolou. Logo após a sua morte, surgiu dos céus um raio que fulminou seu assassino. Por isso Santa Bárbara é invocada em dias de grandes tempestades, para abrandar os raios.

A santa que é louvada por devotos da igreja católica, ganhou uma versão baiana quando, no sincretismo religioso do candomblé, foi representada por Iansã, também chamada de Oya, orixá dos ventos, raios e tempestades

Apesar das semelhanças entre Santa Bárbara e Iansã, não é possível agregar a história de vida da mártir, morta pelo próprio pai, com Iansã, divindade cultuada nos terreiros de candomblé. As semelhanças entre elas é que ambas são mulheres, possuem uma espada, que faz delas guerreiras e a vestimenta das duas é de cor vermelha.

No candomblé, Iansã é a mais agitada das orixás femininas. É dona dos movimentos, agita todos os outros orixás, e em alguns terreiros, é a dona do teto da casa. As cores dela são essencialmente o vermelho, branco e o marrom, sua saudação nas casas de candomblé é “Epa Hey”.

A festa acontece todos os anos, e por reunir centenas de pessoas, sua celebração marca o início do ciclo das festas populares da Bahia.

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