Realizada há mais de trezentos anos e considerada, desde
2008, patrimônio imaterial da Bahia, a festa de Santa Bárbara reúne centenas de
pessoas todos os anos. No dia quatro de dezembro, dedicado à Santa, os fieis
aproveitam para agradecer as graças alcançadas e fazer pedidos. Em terreiros e
igrejas de São Félix e Cachoeira, no Recôncavo Baiano, esse dia é comemorado
com muita festa, quando as pessoas se vestem de vermelho para saudar a personagem
que, no sincretismo religioso, representa Iansã, orixá dos raios e tempestades.
A Santa casa de Misericórdia, em Cachoeira, também promove
festejos em louvor à Santa. A programação tem inicio às seis horas da manhã com
queima de fogos de artifício. Às 18 horas, acontece a missa, na capela São João
de Deus. Após a missa, centenas de devotos seguem numa procissão carregando a
imagem da santa.
A comemoração continua, depois da procissão, com
distribuição de caruru; depois é acesa uma grande fogueira em frente à capela
para celebrar esse grande dia. A Santa católica é também padroeira dos
bombeiros, e venerada pelos militares.
MÁRTIR
Jovem, bela e inteligente, filha de pais pagãos, Bárbara
nasceu na Nicomédia, na Ásia Menor, em fins do século III. Seu pai, um nobre
chamado Dióscoro, muito ciumento, prendeu-a numa torre a fim de resguardá-la
dos pretendentes que a queriam em casamento. Havia duas janelas nessa torre,
mas em honra à Santíssima Trindade, Bárbara pediu que construíssem uma terceira
janela.
Um dia, Bárbara resolveu batizar-se, o que viria atrair a
ira de seu pai. Ela foi denunciada pelo prefeito da cidade e executada por seu
próprio pai, que a degolou. Logo após a sua morte, surgiu dos céus um raio que
fulminou seu assassino. Por isso Santa Bárbara é invocada em dias de grandes
tempestades, para abrandar os raios.
A santa que é louvada por devotos da igreja católica, ganhou
uma versão baiana quando, no sincretismo religioso do candomblé, foi
representada por Iansã, também chamada de Oya, orixá dos ventos, raios e
tempestades
Apesar das semelhanças entre Santa Bárbara e Iansã, não é
possível agregar a história de vida da mártir, morta pelo próprio pai, com
Iansã, divindade cultuada nos terreiros de candomblé. As semelhanças entre elas
é que ambas são mulheres, possuem uma espada, que faz delas guerreiras e a
vestimenta das duas é de cor vermelha.
No candomblé, Iansã é a mais agitada das orixás femininas. É
dona dos movimentos, agita todos os outros orixás, e em alguns terreiros, é a
dona do teto da casa. As cores dela são essencialmente o vermelho, branco e o
marrom, sua saudação nas casas de candomblé é “Epa Hey”.
A festa acontece todos os anos, e por reunir centenas de
pessoas, sua celebração marca o início do ciclo das festas populares da Bahia.
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