POR MIRIA ALVES
A paralisação é um dos métodos que as diversas categorias
profissionais tem de reivindicar melhores salários e condições de trabalho, entre
outros possíveis benefícios. Quando a greve ocorre para algumas categorias,
como a de segurança pública, afeta direta ou indiretamente todas as pessoas. Como
viver em uma sociedade violenta sem se ter ao menos a possível ideia da
segurança, mesmo que deficiente? Não é preciso muito esforço para imaginar,
basta observar os últimos acontecimentos nas principais cidades da Bahia. A
greve da Polícia Militar, durante 12 dias, deixou sequelas irreparáveis na
sociedade baiana.
A greve da PM na Bahia alcançou proporções preocupantes
quando o crime e a violência indiscriminada foram praticados pelos que tinham o
dever de proteger os cidadãos. Não por “falta de preparo” ou por
desequilíbrios pessoais individuais, mas, uma barbárie premeditada com intuito
de chantagear e manipular o poder público constituído.
A disseminação do
pânico e do medo não foi articulada por bandidos comuns ou integrantes do crime
organizado, mas, por policiais militares, aqueles que deveriam trabalhar com o
propósito de proteger a população. É preciso observar e investigar até que
ponto os policiais militares estão envolvidos nos crimes de execução, feitos
por grupos de extermínio, durante a greve, como forma de gerar o terror na
população e pressionar o governo estadual para atender suas reivindicações.
Jornais locais noticiavam que mendigos foram perseguidos, e que
sete moradores de rua foram assassinados. Uma mulher, também moradora de rua,
que estava amamentando um bebê, na Praça da Piedade, morreu ao receber um tiro
na cabeça. Encapuzados tomaram ônibus de assalto, expulsaram passageiros e
usaram o veículo para bloquear o livre acesso do cidadão na cidade de Salvador,
na Av. Luiz Viana Filho e na Av. Otávio Mangabeira.
Várias cidades do interior da Bahia, como Feira de Santana e
cidades do Recôncavo, passaram por momentos de aflição com os arrastões,
assaltos, homicídios e agressão à população trabalhadora. O Exército e a Força
Nacional foram convocados para fazerem o policiamento das principais ruas da
Capital baiana e unidades especializadas no interior do estado.
Devido à repercussão do movimento, o governo que no início
mantinha uma postura de não negociar com os grevistas, mudou sua estratégia em
função da gravidade dos acontecimentos e da pressão pública para uma solução do
problema.
Ainda que policiais ajam com violência contra movimentos
sociais sempre marginalizados por estes, o governo e o Exército não tem
interesse em agir desta forma contra os policiais militares amotinados. Uma vez que os mesmos, voltando às suas
atividades normais, com o fim da paralisação, prontamente colocarão sua forma
letal a favor do governo, para reprimir a população e os movimentos sociais que
como estes, lutam pelos seus direitos.
Quem na verdade está no poder quando um contingente de força
de segurança pública é maior que as Forças Armadas de defesa do país? Uma
corporação armada com um poder paramilitar que pode ameaçar a segurança nacional
numa situação de paralisação, pode ser desastrosa para a sociedade. A PM se
apresentou como uma força terrorista que com sua capacidade bélica e seu
contingente em vantagem numérica, ameaçou e provocou terror na população
desarmada.
O Poder de Polícia foi instituído e outorgado para evitar as
colisões no exercício dos direitos individuais de todos os indivíduos da
sociedade, possuindo atributos específicos e peculiares para o seu exercício.
Sua finalidade, então, é a proteção do interesse público.
É preciso repensar o inchaço da máquina pública que dá a
cada ano mais poder de fogo a milhares de novos policiais militares.
Basear-se na grande mídia, é um erro desnecessário!
ResponderExcluirNão discutir a ideia da instituição policia, desde de seu surgimento também é outro erro e pior ainda é juntar essa falta de informação a sua opinião e publicar como se fosse uma noticia.