POR PRISCIANE RODRIGUES
A interação de africanos e afrodescendentes com europeus de várias nacionalidades durante o período escravista é um dos fatores que originaram a riqueza e diversidade cultural popular no município de Cachoeira. Deve-se a ele o sincretismo religioso, com forte presença da cultura afro-brasileira e das manifestações do Catolicismo.
São essas manifestações e demais festas que deixam a cidade com movimento de turistas o ano inteiro. O ciclo de festas começa em 13 de março, com o aniversário da cidade; prossegue em maio, com a festa do Divino, e, de 21 a 25 de junho, com o São João e a tradicional feira do Porto. É também no dia 25 de junho que Cachoeira torna-se, a cada ano, desde 2008, a Capital do Estado da Bahia. Na primeira quinzena de agosto acontece a procissão de Nossa Senhora da Boa Morte; em 27 de setembro, a festa de São Cosme e Damião, e, em outubro, a de Nossa Senhora do Rosário. Na primeira quinzena de novembro, acontece a festa de Nossa Senhora D’Ajuda e na segunda quinzena a de Santa Cecília. Por fim, em 4 de dezembro, a festa de Santa Bárbara.
Um dos principais destaques do calendário de festas do município é o São João, que aquece o comércio dos licores de Cachoeira. Com fama de ser “o melhor da região”, faz com que moradores das cidades vizinhas e turistas de outros estados e países procurem o produto durante todo o ano e tornem a cidade, “a capital do licor”.
O mais procurado é o licor de jenipapo. Sua origem vem desde a época em que as terras do Recôncavo eram povoadas pelos índios tupiniquins, maracás e cariris. Os índios extraíam da polpa do fruto verde um líquido parecido com água, mas que em contato com o ar se oxidava e virava uma tinta entre azul escura e preta. Com ela os índios se pintavam e adornavam objetos. Foi dessa qualidade que derivou o nome jenipapo, do tupi-guarani nhandipab ou jandipa, por assim dizer, “fruto que serve para pintar”.
Eles produziam também o cauim, uma bebida alcoólica feita da mastigação de mandioca, ou do suco de frutos, como o jenipapo, fervidos em recipiente de cerâmica. Ou seja, eles produziam o que hoje não pode faltar nos festejos juninos, o tradicional licor de jenipapo.
Hoje a cidade conta com mais de 20 fábricas, que produzem o licor de forma artesanal e guardam a tradição que é passada de geração a geração. Novos sabores apareceram com o passar dos anos, como: ameixa, acerola, amendoim, cajá, cupuaçu, chocolate, goiaba, graviola, maracujá, milho-verde, passas, tamarindo, tangerina, caju, etc.
O produto que é artesanal, dois meses antes das festas juninas começa a ser fabricado em escala industrial. São barracões com dezenas de tanques onde são armazenadas as frutas, numa espécie de infusão com álcool. Depois de dois meses as frutas são esmagadas em uma prensa. O líquido é coado e depois passado em uma segunda coagem. O licor é vendido na feira livre da cidade e em pequenos bares e quitandas da cidade, no atacado e no varejo, por preços que variam de quatro a sete reais.
As fábricas contam com três a quatro funcionários, que geralmente são membros da família, mas nas vésperas dos festejos chegam a contar com até vinte contratados.
O licor tem também a fama de ser uma bebida que esquenta as noites frias de São João, e de ser uma bebida afrodisíaca. Por isso a cada ano surgem sabores exóticos, como o “pitarola” (mistura de pitanga com acerola, fabricado por dona Angelina Cordeira, moradora da Vila Belém, mais conhecida como Tia Nem), e o licor de pimenta, fabricado por Roque Pinto. Os dois fazem os licores mais procurados da cidade, e chegam a vender cerca de 10 mil litros por ano.
Assim como Tia Nem e o seu Roque, a história dos outros fabricantes não é diferente. Ambos começaram fazendo licor para dentro de casa, para a família e os amigos que visitam as casas uns dos outros no período dos santos juninos, e quando se deram conta já estavam vendendo em grande escala. Eles garantem que o sucesso de seus licores é mantido em segredo. Apesar de todas as novas invenções de sabores, afirmam que 50% de suas vendas é do tradicional licor de jenipapo, o preferido!
Voce saberia me passar o numero da Casa do Licor de Cachueira???
ResponderExcluirfavor mandar para email : zuretaprodutosartesanais@hotmail.com