POR LORENA BERNARDES
Um artista quando constrói sua obra de arte geralmente pretende expressar suas sensações e ideais. Além disso, ele deseja que suas manifestações artísticas alcancem o maior número de pessoas. Espalhados por toda parte, os artistas buscam o reconhecimento e a valorização de suas produções. Em Cachoeira e São Félix procuram também um espaço para exibir suas telas, esculturas, artesanatos e outras formas de arte como música e dança.
Com a intenção de construir um lugar próprio para apresentações das obras de arte dos cachoeiranos e sanfelistas, a Associação Institucional de Defesa de Direitos e Garantias Constitucionais da Região do Recôncavo (Acidadã), presidida por Pedro Erivaldo Francisco da Silva, desenvolve projeto que objetiva a criação de um Centro de Artes e Cultura para valorização das manifestações artísticas da região. De acordo com Pedro Erivaldo, a proposta é utilizar o galpão da Estação Ferroviária de Cachoeira.
Aos poucos a ideia vai tomando forma. Discutida em reuniões na Câmara Municipal de Cachoeira, pretende corresponder às expectativas de alguns moradores, mais especificamente dos artistas das cidades-irmãs. No último dia 9 de novembro, numa reunião que teve como tema principal a Reforma da Ponte Dom Pedro II, uma das pautas em debate foi a utilização do galpão da Estação Ferroviária por parte da comunidade cachoeirana e sanfelista.
Com a presença de moradores, vereadores e dos representantes da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), José Osvaldo e Alexandre Machado, o encontro na Câmara serviu para a apresentação da proposta. Os moradores querem que a FCA, empresa concessionária da linha férrea que passa pela ponte, reforme a estação para que haja condições de usá-la. Ao receber a proposta, José Osvaldo afirmou que a ferrovia se coloca à disposição da comunidade, mas que é preciso que o projeto seja apresentado por escrito para que a partir daí a FCA tome alguma iniciativa.
Construída em 1884, a Estação tem sido usada como local para consumo de drogas, prostituição e é ponto estratégico de ladrões, o que tem preocupado muitos moradores. Ela foi restaurada em 2007, na parte externa, pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA). Para Pedro Erivaldo, é importante preservar o prédio porque é um patrimônio histórico de Cachoeira.
A artista plástica Elizete Ribeiro também espera que o projeto se consolide. “As pessoas apreciam muito meu trabalho, mas a questão é que falta espaço para mostrá-lo”. Ela é moradora de São Félix e encontra dificuldades para desenvolver seus trabalhos. Suas telas já foram expostas no Centro Cultural Dannemann, e também foram colocadas em barracas no período da Festa de São João e da Festa da Boa Morte, mas as vendas não foram significativas.
Elizete conta que “não sabia que tinha jeito para pintura”. Descobriu seu talento com a ajuda da Unidade de Atenção Psicossocial (Unapis), em São Félix. Por causa da depressão e da síndrome do pânico, passou a frequentar a unidade de tratamento psicológico. Lá, ela participava de várias atividades físicas e mentais, inclusive da Oficina de artesanato, onde aprendeu a fazer pintura em vidro e em madeira, entre outras técnicas.
Aos 55 anos, Elizete diz que não sabe o que seria de sua vida sem a pintura. Ela conta que com suas telas pretende provocar bem-estar nas pessoas e é a mesma sensação que tem, auxiliando-a no tratamento contra a depressão. A assistente social Adriana Pinheiro, que trabalha há um ano na Unapis, afirma que a arte é muito importante no processo de tratamento de pessoas que sofrem com problemas psicológicos. “É uma espécie de terapia”. Para Elizete é mais que isso: “A arte é o ar que respiro”.
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