POR RODRIGO SILVA
Os dados confirmam o que o senso comum já sabia. A criminalidade cresceu e moradores de Cachoeira estão assustados. Nos últimos três anos, o número de roubos aumentou 175%. Outras modalidades do crime, como furto e arrombamentos, também cresceram. A explicação para este avanço da criminalidade, segundo a Polícia, é o tráfico de entorpecentes que se alastra pela cidade.
Raimundo Dayube, 60 anos, dono da banca de revista MC Livros e Cia lembra-se dos tempos em que “dormia tranquilamente com a casa aberta”. Ele disse que nunca teve sua banca arrombada ou furtada. Segundo Dayube, os produtos vendidos, livros e revistas, não interessam aos criminosos, uma vez que dificilmente eles conseguiriam vender ou trocar para adquirir drogas. Contudo, já foram furtadas lâmpadas e a câmera de segurança da sua casa. Até outubro de 2011, foram registrados 53 furtos, 120% a mais que há três anos (ver info). O arrombamento (a residências e estabelecimentos comerciais) foi a modalidade do crime que mais avançou, um aumento de 1000%. Segundo o tenente da Polícia Militar (PM) Kleber Souza da Silva, titular do 2º Pelotão de Cachoeira, este acréscimo é provocado pelo o tráfico de entorpecentes. Os usuários de drogas recorrem ao crime para manter o vício.
ÍNDICES PREOCUPANTES
Entretanto, moradores da cidade afirmam que o aumento no índice da violência decorre da chegada da universidade. Desde 2005, Cachoeira sedia o Campus de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Este acolhe mais de 1500 alunos que transitam diariamente pela cidade com objetos valiosos como notebooks e celulares. Para o tenente, estes itens atraem os criminosos que trocam ou vendem para adquirir drogas.
Para o professor doutor em Ciências Sociais da UFRB, coordenador do Grupo de Pesquisa em Conflitos e Segurança Social (GPECS), Herbert Toledo Martins, a universidade realmente trouxe modificações na criminalidade de Cachoeira e região, uma vez que houve um aumento da renda na cidade. Segundo ele, o crime está associado à riqueza e não à pobreza. “Não dá para associar qualquer coisa à universidade sem uma pesquisa mais aprofundada”, pondera.
O professor Herbert entende que os índices da criminalidade em Cachoeira não são altos, mas ressalta que podem ser maiores, na realidade, uma vez que muitas vítimas de crimes não fazem ocorrência policial. Segundo ele, o número de subnotificação no Brasil é de cerca de 30%.
Mas há um indicador positivo nestes dados que foram fornecidos pela PM de Cachoeira. O número de homicídios teve uma redução se equipararmos ao ano anterior. Até outubro de 2011, um assassinato foi registrado, quatro a menos do que 2010. O tenente Silva conta que a PM tem realizado um trabalho ostensivo para diminuir os crimes na cidade e região. Para reduzir a onda de assaltos na ponte que interliga Cachoeira a São Félix, “intensificamos e colocamos uma viatura nos horários de entrada e saída da universidade”, diz o tenente.
O CRIME CHEGA A ZONA RURAL DE CACHOEIRA
Até outubro deste ano, foram registrados 18 roubos na Zona Rural de Cachoeira. Isto corresponde a 28% do total de roubos. De acordo com o professor Herbert Martins, os moradores dessa região não tem a mesma precaução que os habitantes da cidade. “De fechar a porta, fechar a janela, não deixar o portão aberto”, emenda. O resultado é que os moradores dessas áreas tornam-se vítimas fáceis dos criminosos. Mas o roubo não é única modalidade de crime nessa região. O único homicídio registrado este ano aconteceu em Murutuba, Zona Rural de Cachoeira
Com um efetivo de 40 policiais a PM tem como incumbência patrulhar a sede da cidade e outros distritos, como Capoeiruçu, Belém e Santiago do Iguape. Segundo o tenente Kleber Souza da Silva, titular do 2º Pelotão de Cachoeira, com este efetivo não tem como ter uma presença atuante nessas áreas. “Os marginais se valem dessa situação para cometer estes atos”.
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